domingo, maio 29, 2011

Final infeliz

Quem dera eu pudesse dar adeus sem o amargo gosto do final (sempre) infeliz na boca. Quem dera o gosto fosse doce e o final, feliz. O trânsito da vida traria conexões afetivas que durariam uma felicidade, uma eternidade. Mas não! Ó Discórdia, tu trazes o fim como uma bomba programada para explodir e acabar com tudo. Mas não! Não explode. Dá adeus. Dá adeus e não explode. Feliz seria se não explodisse, já penso, mas não! Outros finais, outras despedidas e outros adeus são necessários. O fim é indispensável, a roda precisa girar e o mesmo acontecer, em outros contextos, quem sabe? Outros pratos de outros (e novos) conhecimentos de outras coisas de outras vidas, ah, como preciso! Vai, muda, talvez a história (enfim!) não se repita. Fadado à repetência é aquele que dá os mesmos passos, pelos mesmos caminhos, com as mesmas vontades. É a escola da vida.
E se? A inerência do ser humano ao negativismo é, basicamente, uma verdade majoritária. Não posso dizer que são todos. Eu, pequeníssimo, não posso, sequer, ousar mencionar isso, ó não. Quem nunca se viu severamente atingido por uma infelicidade quando tantas outras felicidades ocorreram em número muito maior? A dona Infelicidade é forte. É suja. Não sabe brincar com a dona Felicidade. Desfaz o equilíbrio dela, essa malcriada. Há, no entanto, aqueles - digam Graças a Deus! - que conseguem obter um maior controle. Fazem da dona Felicidade uma combatente mais bem preparada. E aí entra a grande diferença para o entendimento da outra dona.
Dona Infelicidade é uma criança mal-amada. Ela suga energias boas para se alimentar, mas não deixa de ser criança. Não deixa de brincar, não deixa de cair e nem de se levantar. Não deixa de aprender nem de ensinar. Só precisa de uma maior atenção e de maior cuidado, pois é fragilizada pela falta de compaixão. Se fosse sempre possível compreendê-la com amor, a perda de equilíbrio de dona Felicidade não seria tão grande. Mas não! A dona Compreensão, nossa mais nova personagem, é recusada, atirada para o final da fila das

"coisas que preciso melhorar".

Uma pena. Dona Compreensão consegue fazer tanto. Aliada à sra. Paciência, de ilustríssima presença em nosso enredo, então, faz quase que milagres! Ah, mundo, ó Discórdia, tudo a seu tempo.
A estrada, a longuíssima estrada até virtudes, é permeada por experiências, compartilhadas (melhor assim) ou não com outros, que fazem com que a explosão daquela bomba seja um adeus, uma partida e uma despedida, mas não um esquecimento - digam novamente Graças a Deus! - do que foi. O que torna uma despedida, uma partida e um adeus menos dolorosos é a compreensão da necessidade do fim. Não que ele não seja infeliz, mas se as donas do nosso enredo, além da Infelicidade, se fazem presentes, o adeus (sempre infeliz) não precisa ter o gosto de todo amargo. Mas não! Ele tem. Que o gosto seja amargo! Mas que as donas o adocem.

Adeus (amargo)!