segunda-feira, dezembro 28, 2009

Diálogo


Consegue enxergar? Vê aquela luz bem ali no fundo, bem apagada, mas que por persistência ainda continua piscando para você, como se quisesse ser vista, como se precisasse de você ali? É o seu destino, ao meu ver. Destino? Algo como isso existe? Tsc, destino é apenas uma questão de escolha, meu caro. Mas e se tudo já está programado para acontecer, se tudo tem que acontecer assim? Ainda. Não exclui o fato de que você possa ter uma escolha. Hm, sei, mas o destino parece ainda estar ali, escondido em suas entranhas sem que nem você saiba. Certo. Por que está me dizendo essas coisas? Porque eu acho que, muitas vezes, ninguém para para pensar em coisas do tipo. Você para? Não, eu não paro. Estou sempre em mudança. Meu ser precisa disso. É a lei. Não! Não parar "parar", mas parar para pensar. Ah, sim, claro! Eu penso. Eu não... até agora. Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância, como já dizia John F. Kennedy. Estamos conectados, não estamos? Talvez. É como se pudéssemos pegar os pensamentos, as memórias dos outros aí no ar. O passado nos persegue o tempo todo. Você só se dá conta quando segue seu destino e para para pensar. Encontra-o batendo em sua porta quando alguém acabou de lhe batê-la na cara, e lê seus lábios se moverem, formando uma frase "Olá, ainda estou aqui. Posso entrar?". E o único jeito é esquecê-lo, você pensa, mas logo percebe que não pode apenas deixar de escutá-lo acertando com os nós dos dedos a sua porta do mistério. O que faço então? Ah, dê outra roupa a ele. Uma que não seja tão fantasmagórica, sabe? É um outro significado, tanto para você quanto para ele. E então? Siga seu caminho. Meu destino? Não era sua escolha? Isso, minha escolha. Escolha.

domingo, dezembro 13, 2009

Uma realidade


O que é realidade? É este fisicismo que vivemos, ditado por regras e aplicações comuns, todas com suas devidas exceções, mas mesmo assim já conceituadas, logo também regradas, ou tudo vai além de nossa pobre e duvidosa compreensão humana? Isto que eu escrevo e que você lê é ou pode ser tangível? Se você crê que sim, então esta é a sua realidade.
Desta forma, a realidade é tudo aquilo em que se acredita. Se acredito em Deus, então Ele é real? Segundo esta doutrina, sim, porém como Ele é real se não posso vê-Lo, tocá-Lo, ouvi-Lo, enfim, senti-Lo, quando qualquer outra coisa que acredito posso encarar como real a partir do pressuposto de que meu sistema sensorial a assume como, de fato, real?
Tudo o que pensamos ser real está ligado à sensibilidade humana. Estamos e somos condicionados a pensar dessa forma e quando questões filosóficas como essas apontadas nos são direcionadas, muitas vezes acabamos por entrar no paradoxo, em que a verdade se opõe à própria verdade.
Então, se a verdade de que Deus é real se opõe à verdade de que, por exemplo, uma pessoa é real, a própria realidade, aquela em que se acredita, é esse mesmo paradoxo ou a causa dele, pois a partir do momento que se toma a realidade por sentidos, ela própria se anula, uma vez que a crença é, por vezes, subjetiva. Cada um acredita no que quer acreditar.
Portanto, a realidade como a concebemos é vista por diversos ângulos, os quais se divergem, o que leva à conclusão de que ela não é só uma.

Pois bem, uma realidade não é a realidade. Apenas uma.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Amizade


Tenho certeza de que um dia, quando eu e o pessoal da minha sala nos reunirmos após muito tempo e recordarmos o passado que tivemos juntos, o coração vai apertar a si próprio, utilizando sua única linguagem: o sentimento.
Creio que a parte mais gratificante foi poder ver que as pessoas mudam. Assistir a essa mudança de pessoas que conheço há tanto tempo é como ver o processo da vida humana em apenas alguns segundos por meio de flashes de memórias dos mais variados tipos, desde insegurança até o afeto que guarda um abraço.
Nos momentos em que parava e apenas olhava aqueles seres semelhantes a mim, conseguia enxergar o que cada um guardava em sua essência. Por fim, descobri que todos compartilhavam algo em comum sem que ao menos percebessem. Conviviam diariamente em sintonia e compreendiam que frequência era essa que os fazia tão unidos entre si, inclusive eu. E isso é o mais engraçado, sabiam, mas não percebiam. Era como se tudo isso fosse tão natural que não precisasse de uma explicação. Era pura magia.
Essa magia não é novidade para homem algum, pois todos um dia já a experimentaram e se deram conta de que por mais que tentem desvendar os segredos por trás de sua construção sempre vão chegar a mesma conclusão: não há razão para as coisas do coração.
Para esse sagrado composto de nossa essência, essa pura magia que nos pertence, damos o nome de amizade. A mais bela e sincera construção.

Agradeço a todos os meus amigos pela oportunidade de construir as pontes entre nossos corações. Pontes que sofrem com a ação do tempo também, visto que nada é para sempre, mas que continuam existindo por mais distantes que estejam suas extremidades.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Parábola do Casulo


É a minha primeira postagem e eu coloco aqui uma parte do livro "O Vendedor de Sonhos - O Chamado", contando a parábola do casulo.

"Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentido-se frágil, pensou consigo: 'A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem irá me socorrer?'. Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera.
A outra borboleta também ficou apreensiva; tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais dos que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência."