quarta-feira, maio 12, 2010

Do começo ao fim — ciclo


Este é o fim.
Não há começo. Por isso, este é o fim ou o começo de um ciclo que tem fim que, no entanto, leva a outro começo.
A morte não é o fim, mas apenas uma transição. A transição é o começo de um ciclo e, por isso, também o fim de outro. O fim é também o começo, o começo de um novo ciclo, por isso tem história. A história é formada de começo e fim, assim cíclica. Logo, não acaba. O acabar é um fim, portanto tem também um início. O início de uma história é marcado por uma expectativa de como será o fim. Essa expectativa gira em torno do desenrolar da história. É, pois, formada de começo e fim, como tudo e nada. Preocupa-se, na maioria das vezes, com o resultado, que também é um término. A preocupação é um tipo de expectativa, porque espera-se algo de outro algo, obviamente. Em todos os casos, algo bom (de interesse individual) é esperado, então a esperança é, também, realização de desejos. Os desejos, por sua vez, determinam os caminhos de certas ações - todas com expectativas -, estas tomadas por seres vivos. Os seres vivos são vivos porque têm vida, é claro. A vida, segundo a Biologia, é um complexo de reações bioquímicas, sequenciadas, mediadas e ordenadas por enzimas que controlam a velocidade das reações, e tem fim. Ou uma transitoriedade, como preferir. Todo tipo de vida possui uma história. A história não tem vida, segundo a Biologia, sendo apenas uma acepção criada por seres humanos, como eu e você. Eu escrevi, você lê. Creio, então, que foi criada uma comunicação entre nós, caso você tenha entendido. Ligando as informações anteriores, crer é acreditar, por isso, pode ser um desejo, logo esperança e, assim, expectativa. Esta última, como expressa anteriormente, normalmente é uma preocupação em saber se algo bom ou ruim está por vir. A única certeza de uma vida, como a que você tem, é a morte, ou seja, o fim. Se a finalidade de uma expectativa é a esperança de algo bom, logicamente assume-se que o fim da vida é, da mesma forma, a esperança de algo bom, pois o fim é aguardado e, por isso, é expectativa. A confusão, assim como a que aqui existe, é causada pelo excesso - ou não - de informações, muitas vezes repetidas, que são difíceis de se conectar. Se a confusão não pode ser resolvida, procura-se uma válvula de escape, que pode ser o fim. Esta é a minha saída: o fim. Dói te libertar.

terça-feira, maio 04, 2010

Caminhos duvidosos


Uma faca no coração pode dividir amores. Uma barreira pode dividir amores. De uma forma ou de outra, há divisão e nada mais importa.
Quando o coração resolve tomar caminhos distintos do planejado, surge a dúvida. Dúvida, dúvida, dúvida. Mais dúvida. Escolher é mesmo um pé no saco. Pé no saco dói. Ô se dói.
É sim ou não. Simplesmente uma das duas respostas, mas não dá. Não é possível nem escolher um meio-termo!
O que mais gera dúvida são os acontecimentos vindouros, pois, dependendo da escolha, em algum momento a água de um dos rios chegará à foz e lá encontrará a água do outro rio. Aí vai ser um choque, um choque térmico. Um estará quentinho, bem aninhado no coração, outro estará frio, provavelmente começando a arder em chamas quando ocorrer um equilíbrio térmico. Então: dúvida e dor. É, mais umas e de novo.
Era apenas um caminho, certeza. São dois ou mais caminhos, talvez. O que sei? Nada.
Quanto mais o tempo passa, mais doente é a sensação. A enfermidade toma conta do coração, dos pensamentos, das ações, das vontades. A virose penetrou pelo olhar, pelas palavras, pela necessidade de ensinar a cura. Transgrediu as barreiras naturais do corpo, estremeceu as passagens secretas da dor, cravou-se no coração. Não sai. Não quer sair de jeito algum. Precisa e não precisa ser curada. Quer tempo. É sempre o tempo de qualquer forma.
Da dúvida surge a lágrima, tanto interior quanto exterior. Escorre lentamente, queimando a face com seu ardor febril, até que se sinta o gosto da tristeza ou, também, da felicidade, pois a lágrima desconhece o motivo de sua chamada. É escrava dos sentimentos. Vem quando é necessário. Aquele gosto é tão sinestésico. Enquanto é sentido no paladar, é também no coração, trazendo em sua conclusão a reflexão com corrosão, quando é interna, e a cura com magia, quando é externa - adoro as lágrimas.
Há dúvida até nos movimentos. Os pensamentos fervem na hora da locomoção para que seja executada a correta, porém o turbilhão de sinais elétricos da rede nervosa é tão estupefaciente que tudo trava e qualquer um dos bilhões de caminhos possíveis é tomado por essa eletricidade indecisa. É meio que um curto-circuito. Consequentemente, a autorreprovação silenciosa vem junto, já que o tal movimento sempre ocorre do modo indesejado. Essa é a timidez.
Tantos fatores juntos, e, ainda assim, tão pouco se sabe. Chegará uma hora em que a escolha deverá ser feita, e, assim, o destino terá de correr por seus insólitos caminhos. A dor virá, com certeza. Na verdade, já vem, pois a indecisão é uma morte lenta. Corrói a pureza e as determinações do coração; acaba num poço de lágrimas; destrói planos.
Enquanto o momento certo não chega, espero. Espero a dor chegar e a dúvida sanar, querido tempo.