terça-feira, janeiro 12, 2010

A última que morre


Esperança. Até que meu último suspiro seja dado, a maravilha dela estará comigo. A beleza estonteante desse ser deslumbra a visão racional, leva ao ceticismo, porque, como trata-se de uma imaterialidade, há a dúvida. Mas quem é que liga para isso? Quem fica se perguntando se é apenas uma possibilidade? As pessoas adoram o que não conhecem, veneram o mistério e, muitas vezes, são ignorantes.
Esperança. Cria um clima, dá sabor à vida. É ela que dá o prazer de sonhar, de planejar o futuro, sabendo que o mesmo é imprevisível. Impulsiona a paixão, esboço do amor, caracterizando o desejo humano de união. Avessa à desistência, embala a perseverança, obviamente, para a simples e complexa conclusão de um querer. Simples na sinopse, complexa no todo.
Esperança. Vítima de uma guerra, de um conflito entre lados opostos. Morte súbita no grito de vitória. Ela morre e fica só num lado, esperando, como sempre, no final da fila até que exista outro ataque - ataque de nervos, ataque de raiva, ataque de amor, ataque de ódio, ataque, ataque... - e a fila ande, acabando com uma legião de sentimentos e percepções em seus enclausurados mundinhos humanos.
Esperança. Quanta esperança aqui. Mesmo assim, quanta esperança nos falta! Nossas expectativas apenas giram em torno de pequenos objetivos, fáceis de serem jogados no fundo do baú da "completência". E quanto aos nossos sonhos, aos sonhos de todos, aos sonhos de um todo? Nao, não, não, nada disso. Somos independentes, é cada um por si. Sonhos são para sonhadores.
Esperança. Como uma almofada em que todos sentam, sente o cheiro de cada um, cada orifício que ali expulsa uma jarrada de flatulência fogosa. Possui dos mais indescritíveis arranhões em seu tecido macio que acalenta os duros corações de humanóides passivos para o mundo. Arranhões estes que se tornam apenas cicatrizes do tempo com o passar deste. Leva cada história consigo, até que...
Esperança. Juiz de nossa instância. Quando soa o gongo da intolerância, morre ela sem importância.
Esperança.
Esperança.
Esperança.
Esperança não se cansa.

5 comentários:

  1. você escreve MUUUUUITO bem *-*

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  2. "...sente o cheiro de cada um, cada orifício que ali expulsa uma jarrada de flatulência fogosa..." Não sei pq, mas euri bem alto.

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  3. hauhauhaua Acho que você sabe muito bem porque riu! Era essa a intenção xD Textos tmabém têm que ter a comédia pra dar um equilíbrio, né? hahaha

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  4. HAUAHAUHAAUHAU é acho que eu sei sim

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