terça-feira, abril 06, 2010

Tempos e sonhos

A persistência da memória, por Salvador Dalí


Descobri numa dessas andanças da vida um significado merecedor de aplausos. Mas quem aplaude significados? Pois é, ninguém. Pessoas são aplaudidas, principalmente aquelas que têm um grande valor para a sociedade, certo? Claro que não! Quem realmente merece é esquecido e jogado nas profundezas de uma lata de lixo. Venerados são os inúteis que permanecem por pouco tempo no "hall da fama", como sempre. Apenas sobrevivem ao tempo os que não são aplaudidos pela grande maioria, os estranhos no ninho. Sonhadores, eles foram.
Sonhos, mas não aquele sonho do qual despertamos. É aquele que acontece enquanto estamos acordados (ou não), assistindo ao passar do tempo, e que cada vez chega mais perto, parecendo até com uma pitada de realidade. Sonhos estão no futuro, bem do jeito que vivemos, nunca no presente, não é verdade? Qualquer um mora no passado ou no futuro. Ou em ambos. No passado, sempre revivendo as saudades, as perdas, as lembranças; no futuro, bancando o andarilho do desconhecido vindouro, assim construindo pontes entre o que está acontecendo e o que se quer que aconteça - uma ponte fácil de se cruzar; basta só um pensamento.
Ah, isso tudo no presente! É, não podemos esquecer de nosso companheiro oculto e inexistente, afinal, está sempre conosco, mas não sabemos em que lugar nem se realmente existe. Presente? Cadê você?
Se eu pergunto o que é o presente, você simplesmente poderia, numa hipótese muito especial e rara, claro, dizer que é o agora. Só que o agora já passou e de novo chego lá e pergunto "Presente, cadê tu, meu filho?" O presente é uma linha transparente; só acreditando para enxergar.
Futuro, lá estão os sonhos, tão importantes na jornada biológica de um ser humano, já que motivam a continuidade do complexo de reações bioquímicas, sequenciadas, mediadas e ordenadas por enzimas que controlam a velocidade das reações, ou seja, da vida, para aqueles leigos como eu. Não é preciso constatar quais são os sonhos, pois o importante é possui-los. Sem onirismo o homem vive no presente, e o presente inexiste (ou não), como bem foi expresso. Logo, ser do presente é ser morto.
Descobri o valor de um sonho: vida. Aplausos.

Um comentário:

  1. Admito que estive próxima à essa conclusão, garoto gentil, mas nunca de uma forma tão complexada e completa. Você é inexplicável com suas concepções, e isso te torna cada vez mais fascinante! Tudo que envolve sonhos me encanta, mas como o seu texto ainda não havia encontrado. Eu te admiro de uma forma que não sei quantizar, Luizinho.

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